Inimigos imaginários

deimos, fobos, pathos e ethos em discursos Bolsonaristas

Autores

  • San Thiago de Araújo Universidade Federal de Uberlândia / Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais
  • Daniel Mazzaro Universidade Federal de Uberlândia

Palavras-chave:

Semiolinguística, Ethos, Pathos, Política brasileira, Bolsonarismo

Resumo

O domínio social político é um campo de dramatização orientado a produzir efeitos na instância cidadã. Vale-se de enunciações para afetar o público eleitor, por vezes, através de tópicas das emoções e da criação de imagens para os sujeitos falantes. Este artigo objetiva analisar quatro formulações bolsonaristas a fim de, identificando regularidades entre elas, refletir sobre os efeitos patêmicos que produzem e os ethé que constroem a Jair Bolsonaro. Pelo estudo de pathos e ethos bolsonaristas, o texto visa a caracterizar os próprios imaginários sociodiscursivos que fundamentam e justificam essas enunciações. Para isso, calca-se nos pressupostos teóricos da Semiolinguística, proposta por Patrick Charaudeau, e faz buscas virtuais por registros de situações comunicativas a partir de quatro temáticas: banheiro unissex, kit gay, destruição da família e ameaça comunista. Selecionadas em um gesto analítico prévio, essas temáticas têm em comum a delimitação, por parte dos enunciados de Bolsonaro, dos posicionamentos bolsonaristas e de seu principal adversário: Lula. Identificamos a patemização de medo frente a um inimigo e a construção de ethé que significam Bolsonaro como digno de credibilidade para o enfrentar. Nas situações que são apresentadas, a designação de um mal visa ao alinhamento da população contra inimigos comuns.

Biografia do Autor

San Thiago de Araújo, Universidade Federal de Uberlândia / Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais

Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos da Universidade Federal de Uberlândia e membro pesquisador dos Grupos de Pesquisa CID - O Corpo e a Imagem no Discurso e LIA - Linguagem Humana e Inteligência Artificial. Fundamentado em estudos queer, feministas e decoloniais, estuda o funcionamento sociodiscursivo dos conceitos de sexo, gênero e sexualidade, investigando as categorizações e emergência de identidades pautadas nesses conceitos.

Daniel Mazzaro, Universidade Federal de Uberlândia

Doutor em Linguística do Texto e do Discurso na linha de Análise do Discurso pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos (PosLin) da UFMG. Atualmente é Professor Adjunto da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), atuando no Núcleo de Língua Espanhola (NUCLES) e no Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos (PPGEL-UFU) na linha "Linguagem, sujeito e discurso". É líder do grupo EDQueer (Estudos Discursivos na perspectiva Queer), da UFU, e membro do grupo EDAEL (Estudos do Discurso Aplicados à Educação Linguística), da UFMG. Tem experiência na área de Linguística atuando principalmente nos seguintes temas: Educação Linguística em Língua Espanhola, Ensino-aprendizagem de Gramática, Marcadores/Conectores Discursivos, Análise do Discurso, Semiolinguística, Estudos Queer e Linguística Aplicada.

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Publicado

2023-07-24

Como Citar

de Araújo, S. T., & Mazzaro, D. (2023). Inimigos imaginários: deimos, fobos, pathos e ethos em discursos Bolsonaristas. Gláuks - Revista De Letras E Artes, 23(1), 98–116. Recuperado de https://www.revistaglauks.ufv.br/Glauks/article/view/357