Educação digital para IA

um currículo real, possível e necessário

Autores

  • Helena Andrade Mendonça FFLCH USP
  • João Reynaldo Pires Júnior FFLCH USP

DOI:

https://doi.org/10.47677/gluks.v25i02.533

Palavras-chave:

educação digital, multiletramentos, letramentos digitais, inteligência artificial, modalidades didáticas

Resumo

O presente artigo aborda a crescente necessidade de preparar estudantes e educadores para interagir criticamente com os sistemas digitais atuais e a Inteligência Artificial (IA). Discute conceitos essenciais de IA, diferenciando a IA Preditiva, baseada em aprendizado de máquina para previsões e classificações, da IA Generativa, focada na geração de novos conteúdos. O texto relata atividades de experimentação prática com estudantes e professores da educação básica, utilizando ferramentas visuais para treinamento e programação de máquinas com base em dados gerados pelos usuários. Estas experiências demonstraram como é possível desmistificar o funcionamento da IA, promovendo a compreensão de seus princípios básicos, a avaliação crítica de ferramentas, a detecção de vieses e o entendimento de suas capacidades e limitações. O artigo argumenta que a opacidade dos algoritmos levanta questões éticas e sociais significativas. Partindo das discussões acerca das modalidades didáticas e organizativas para o ensino de leitura e escrita, propõe-se a integração da IA no currículo escolar através de abordagens que fomentam a apropriação tecnológica, incentivando os usuários a transformar o significado e o uso da tecnologia aproximando-se dos recursos digitais ao longo de toda a escolaridade básica. Conclui-se que investir em uma educação que desmistifica a IA e estimula a apropriação tecnológica é fundamental para um futuro digital transparente, ético e centrado no ser humano, capacitando indivíduos para interações mais críticas, autorais e significativas.

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Biografia do Autor

Helena Andrade Mendonça, FFLCH USP

HELENA ANDRADE MENDONÇA é doutora e mestre em Estudos Linguísticos e Literários em Inglês pela USP e graduada em Engenharia Eletrônica pela Universidade Mackenzie, com especializações em Psicopedagogia e em Processos Didático-Pedagógicos para Cursos Online. Atuou como professora assistente na Universidade de Illinois (EUA), em projeto em parceria com a USP, integrando grupo de pesquisa sobre aprendizagem cyber social. É pesquisadora no Grupo de Pesquisa Educação Linguística, Virtualidade e Sustentabilidade (CNPq/UNICAMP) e no UAI – Understanding Artificial Intelligence (IEA-USP). Colabora como especialista em grupos para elaboração de políticas públicas em educação digital junto a instituições como HP Futures, Alana e Unicef. Atua na área de educação digital desde os anos 1990, sendo atualmente responsável pela coordenação de tecnologias educacionais da Bioma Educação e pelo desenvolvimento de ações de formação docente no Centro de Formação da Escola da Vila.

João Reynaldo Pires Júnior, FFLCH USP

João Reynaldo Pires Junior é doutorando em Letras pelo DLM da Universidade de São Paulo e mestre em Linguística Aplicada pelo IEL -UNICAMP (2016) onde defendeu, sob orientação da Profa. Dra. Daniela Palma, sua dissertação sobre letramento e games, analisando a narrativa do jogo The Legend Of Zelda: Ocarina of Time. Também possui Licenciatura Plena em Letras - Português pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2008). Pela mesma universidade, realizou uma formação, por extensão universitária, sobre como criar e gerir um curso na modalidade EaD pelo EaD na Prática: Planejamento, Legislação e Implementação (2011). Concluiu sua formação para atuar em tutoria pela Universidade Federal do ABC (2015) e foi tutor presencial, designer instrucional e membro da coordenação pedagógica do curso de aperfeiçoamento Gênero e Diversidade na Escola, parceria da Universidade Federal do ABC, da Prefeitura de São Paulo e do Ministério da Educação. Trabalha como educador na educação formal e não formal desde 2003. Também atua em autoria, leitura crítica, edição e organização de materiais didáticos impressos e digitais e curadoria de conteúdos digitais voltados à educação desde 2013. Foi educador e realizou visitas dialogadas no Museu Casa Mário Andrade, residência onde o poeta viveu de 1921 a 1945. No primeiro semestre de 2019, produziu o conteúdo da disciplina Tecnologia e Educação para o curso de pós-graduação em gestão escolar pela Editora Senac e é autor de materiais didáticos de Linguagens e Língua Portuguesa de F2 e EM aprovados pelo PNLD. De 2018 a 2020, foi professor de português e orientador de Iniciação Científica no Colégio Elvira Brandão. Desde 2019, trabalha no setor tecnologia educacional na Escola da Vila, coordenando-o desde 2022, em São Paulo.

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Publicado

2025-09-22

Como Citar

Mendonça, H. A., & Pires Júnior, J. R. (2025). Educação digital para IA: um currículo real, possível e necessário. Gláuks - Revista De Letras E Artes, 25(02), 143–165. https://doi.org/10.47677/gluks.v25i02.533