Do estigma à resistência
A construção de discursos anti-sorofobia no X
DOI:
https://doi.org/10.47677/gluks.v25i01.525Palavras-chave:
Discurso digital, Sorofobia, Análise de Discurso Crítica.Resumo
RESUMO: Este artigo investiga discursos de enfrentamento à sorofobia na rede social X (antigo Twitter), analisando como as interações digitais se configuram como espaços de disputa ideológica e ressignificação discursiva. A partir da Análise de Discurso Crítica (ADC), examinamos estratégias linguísticas empregadas por internautas brasileiros para combater estigmas e disseminar informações científicas sobre o HIV. O corpus da pesquisa é composto por sete posts publicados entre 2021 e 2022, selecionados com base em sua relevância e engajamento. A análise evidencia que negações, modalizações e interdiscursividades desempenham um papel central na construção de discursos de resistência, que desafiam representações estigmatizantes historicamente associadas ao HIV. Os resultados apontam que, embora a plataforma possibilite a viralização de discursos informativos e de enfrentamento ao preconceito, ela também viabiliza a circulação de representações sorofóbicas, demonstrando a complexidade do ambiente digital na disputa de sentidos. Ao dialogar com os estudos do discurso digital, esta pesquisa contribui para a compreensão das novas materialidades discursivas e das dinâmicas linguísticas que permeiam o ativismo on-line.
Downloads
Referências
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DA AIDS. Sorofobia e diagnóstico tardio: barreiras na luta contra o HIV. São Paulo, 2020. Disponível em: https://agenciaaids.com.br/noticia/sorofobia-e- diagnostico-tardio-barreiras-na-luta-contra-o-hiv/. Acesso em: 10/02/2025.
BARBOSA FILHO, E.; VIEIRA, A. A expansão da sorofobia no discurso político brasileiro. Argumentum, 13(3), 134–147, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.47456/argumentum.v13i3.35656. Acesso em 10/02/2025.
BRASIL, 2021. Ministério da Saúde. Aids e HIV. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/h/aids-hiv-1/aids-hiv. Acesso em 02/12/2024.
BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo HIV em Adultos. Secretaria de Vigilância em Saúde – Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais. Brasília, 2018.
BARROS, S. M; VIEIRA, V. RESENDE, V. M. Realismo crítico e análise de discurso crítica: hibridismos de fronteiras epistemológicas. Polifonia. Cuiabá, v. 23, n. 33, jan.jun, 2016, p.11. 28.
BONES, A.; COSTA, M.; CAZELLA, S. A educação para o enfrentamento da epidemia do HIV. In: Interface – Comunicação, Saúde, Educação. v. 22, p. 1457 - 1469, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1807-57622017.0066. Acesso em 11/01/2025.
BRASIL. Lei nº 12.984, de 2 de junho de 2014. Define o crime de discriminação dos portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV) e doentes de AIDS. In: Diário Oficial da União. Brasília, DF, 2014, 3 jun. 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12984.htm. Acesso em 23/12/2024.
BRITO, F.; VICTOR, N. Campanha do Ministério da Saúde: contra a Aids “Prevenir é sempre a melhor escolha”. Ministério da Saúde, Brasília 2021. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2021-1/dezembro/campanha-do- ministerio-da-saude-contra-a-aids-201cprevenir-e-sempre-a-melhor-escolha201d. Acesso em 27/01/2025.
CARVALHO, P. et al. Fatores associados à adesão à Terapia Antirretroviral em adultos: revisão integrativa de literatura. In: Ciência & Saúde Coletiva. 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1413-81232018247.22312017. Acesso em 20/12/2024.
CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE. CNS debate estratégias de combate ao HIV/Aids e ao preconceito. Ministério da Saúde, Brasília. Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/ultimas-noticias-cns/572-cns-debate-estrategias-de-combate-ao- hiv-aids-e-ao-preconceito. Acesso em 13/11/2024.
DEPARTAMENTO DE CONDIÇÕES CRÔNICAS E INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS. O que são IST?. Ministério da Saúde, Brasília. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/o-que-sao-ist. Acesso em: 02/02/2025.
DIJK, T.A.V. Análise Crítica do Discurso. São Paulo: Contexto, 2010.
FAIRCLOUGH, N. (2003). Analysing discourse: textual analysis for social research. London, New York: Routledge.
FILHO, R. Narrativas de si e imaginários sobre HIV: uma análise do canal HDiário. Dissertação de Mestrado em Letras (Estudos Discursivos). Programa de Pós-Graduação em Letras, Universidade Federal de Viçosa. Viçosa, 198, p., 2020. Disponível em: https://ppgletras.ufv.br/wp-content/uploads/2020/12/Dissertacao-final-Robson-Evangelista- dos-Santos-Filho.pdf. Acesso em 15/12/2024.
GOMES, M. C. A. Violência, Intolerância e corpo feminino: analisando as reações sociodiscursivas na mídia em torno da prática de amamentação. In: Cadernos de Linguagem e Sociedade. v.19, n.2, p. 175 – 194, 2017. Disponível em https://doi.org/10.26512/les.v18i2.5797. Acesso em: 20/12/2024.
HALLIDAY, M; MATTHIESSEN, C. An introduction to functional grammar. 3. ed. Londres: Arnold, 2004.
LIMA, R. Reflexões Sobre as possíveis contribuições da línguística do corpus para a gramática sistêmico funcional: transitividade e classificação de processos. In: Caletroscópio. v.5, n.9, p. 9-25, 2017. Disponível em: https://periodicos.ufop.br/caletroscopio/article/view/3760/2941. Acesso em: 20/01/2025.
MAGALHÃES, I. Protagonismo da linguagem: textos como agentes. Revista Brasileira de Linguística Aplicada, vol. 17, n. 4, p. 575-598, 2017. MELCHIOR, R., NEMES, M., ALENCAR, T, BRUCHELLA, C. Desafios da adesão ao tratamento de pessoas vivendo com HIV/AIDS no Brasil. Revista de Saúde Pública, v.41, p.87-93, 2007.
POLEJACK, L., SEIDIL, E. Monitoramento e avaliação da adesão ao tratamento antirretroviral para HIV/ AIDS: desafios e possibilidades. Revista Ciência & Saúde Coletiva, v.15, p.1201- 1208, 2010.
RAMALHO, V.; RESENDE, V. D. M. Análise de discurso (para a) crítica: o texto como material de pesquisa. Campinas: Pontes, 2016.
RODGER, Aj, CAMBIANO, V; BRUUN, T et al. Sexual Activity Without Condoms and Risk of HIV Transmission in Serodifferent Couples When the HIV-Positive Partner Is Using Suppressive Antiretroviral Therapy. JAMA, 2016, 316(2). Disponível em: https://doi.org/10.1001/jama.2016.5148. Acesso em: 16/01/2025.
RIBEIRO, S. Análise discursivo-crítica de relatos de homens trans em práticas socioescolares de Viçosa – MG. Dissertação de Mestrado em Letras (Estudos Discursivos). Programa de Pós-Graduação em Letras, Universidade Federal de Viçosa. Viçosa, 238 p., 2020.
SANTOS, W. et al. Barreiras e aspectos facilitadores da adesão à terapia antirretroviral em Belo Horizonte-MG. In: Revista Brasileira de Enfermagem. 2011. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0034-71672011000600007. Acesso em: 11/12/2024.
SILVA, A.; CUETO, M. HIV/Aids, os estigmas e a história. In: História, Ciências, Saúde - Manguinhos. v.25, n.2, 2018, p.311-314. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-59702018000200001. Acesso em: 11/02/2025.
SILVA, L.; DUARTE, F.; LIMA, M. Modelo matemático pra uma coisa que não é matemática: narrativas de médicos/as infectologistas sobre carga viral indetectável e intransmissibilidade do HIV. In: Physis: Revista de Saúde Coletiva. v. 30, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-73312020300105. Acesso em: 03/02/2025.
SILVA, P. Disputas pela significação no discurso do HIV/aids: um percurso na ciência, na literatura, na militância LGBTI e nos canais do YouTube. In: Revista Eletrônica de Comunicação, Informação e Inovação em Saúde. v. 14, n. 4, 2020, p. 858-869. Disponível em: https://doi.org/10.29397/reciis.v14i4.2199. Acesso em: 08/01/2025.
SILVA, L. A. V. Masculinidades transgressivas em práticas de barebacking. Rev. Estud. Fem., v. 17, n. 3, p. 675-699, 2009. UNAIDS BRASIL. Guia de Terminologia do UNAIDS. Disponível em: https://unaids.org.br/terminologia/. Acesso em: 02/02/2025.
WHITE, P. Valoração – Linguagem da Avaliação e da perspectiva. Linguagem em (Dis)curso – LemD, Tubarão, 2004. v.4, n.esp, p.178-205. ZUCCHI, E.M.,et al. Da evidência à ação: desafios do Sistema Único de Saúde para ofertar a profilaxia pré-exposição sexual (PrEP) ao HIV às pessoas em maior vulnerabilidade. Cad. Saúde Pública, v.34, p.1-16, 2018.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Gláuks - Revista de Letras e Artes

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.